segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

José da Silva e os Direitos Humanos

Texto escrito há 4 anos, mas ainda válido nos dias de hoje, pouco mudou.

José da Silva é um jovem empresário que desde cedo acostumou a trabalhar por conta própria liberando seu pai de despesas com seu sustento.

José constituiu família ao casar-se com Maria, uma funcionária pública concursada que soma um bom salário na nova família em formação.

Com a notícia do nascimento do primeiro filho José e Maria juntaram suas economias e também aproveitando da facilidade de crédito consignado dos funcionários do governo resolveram comprar um imóvel usado, em uma cobertura não em muito bom estado, para então reformarem integralmente colocando-o ao seu gosto.

Com muito esforço e stress, que consumiu aproximadamente um ano, conseguiram transformar o imóvel em uma moradia confortável, moderna e de bom gosto.

Dois anos depois de se instalarem, já com seu primeiro filho, José e Maria começaram a sentir os efeitos da violência incontida que assola a cidade do Rio de Janeiro.

No carnaval de 2008, sua residência foi invadida no andar de cima sem que eles, dormindo no andar de baixo percebessem os movimentos, tendo sido na ocasião subtraído dois computadores e uma televisão de plasma.

Os invasores deixaram indícios de que não tinham completado o serviço e poderiam voltar.

Dito e feito, uma semana mais tarde, em um domingo, nova tentativa foi detectada sendo que desta vez a polícia foi acionada com rapidez e os meliantes fugiram sem nada obter tendo a polícia alertado sobre a futura insegurança da residência. Naquela noite, José e Maria se refugiaram na casa dos pais dela.

O que se conclui é que os criminosos, possivelmente, através da indicação de algum prestador de serviço dos muitos que ali estiveram na fase final do acabamento da residência que se prolongou por algum tempo depois da efetiva mudança do casal obtiveram informação sobre a qualidade da mesma e de seu conteúdo, tornando a casa visada e marcada para assalto.

O medo instalou-se no coração e mentes de José e Maria a ponto de decidirem procurar nova residência a despeito de todo o esforço despendido para construir a residência de suas vidas e do prejuízo material que poderá resultar da decisão.

Esta é a situação em que vivem os moradores da cidade do Rio de Janeiro, verdadeiramente sitiados e enjaulados em suas residências muitas vezes por trás de sofisticados e dispendiosos equipamentos que dão a falsa sensação de segurança que afinal nem é alcançada diante da audácia e crueldade dos criminosos que certos da impunidade ameaçam cada vez mais o asfalto.

Somos obrigados a abrir mão de nossos sonhos e do conforto que nosso trabalho honesto pode nos oferecer em razão da insegurança motivada pela incompetência das autoridades para lidar com o problema somado aos problemas levantados pelos defensores de plantão de direitos humanos.

Não podemos adquirir tal ou qual automóvel, pois a estatísticas das seguradoras apontam aquele modelo como mais visado chegando ao requinte de informar que tal veículo é visado porque possui altura para carregar um rifle em pé. 

Não podemos adquirir determinado carro importado, pois chamaria muita atenção.

Hoje saímos, mesmo que para trajetos pequenos ao redor de nossas casas, e não temos certeza de que voltaremos são e salvos.

As autoridades de segurança fornecem regras para aproximarmo-nos de sinais de tráfego. É a total constatação e reconhecimento da incompetência oficial.
Qual então a liberdade que nossa sociedade nos oferece?

Somos efetivamente prisioneiros do medo.

Enquanto isso,  o governo estadual se preocupa hoje (25/02/2008) com institutos que medem os índices de segurança numa tentativa de ludibriar a população enganando-a com índices de criminalidade como se a criminalidade se resolvesse no papel.

Também enquanto isso associações e organismos hipócritas de direitos humanos se preocupam exclusivamente com os criminosos deixando as vítimas em segundo plano. É preciso parar de se preocupar com os bandidos que morrem em combate com a polícia. Isto é uma guerra sim e numa guerra acontecem baixas e de ambos os lados, mas eles só se preocupam com as baixas entre os pobres criminosos.

Todas discussões que se apresentam para endurecer com as penas e reduzir a maioridade penal eles aparecem do alto de suas cátedras para afirmar que esta não é a solução defendendo o indefensável como se estes assassinos que matam de modo diuturno nas ruas e nas residências tivessem alguma chance de recuperação. São verdadeiros animais, de recuperação praticamente inviável e que nem sequer tem apego às suas próprias vidas o que os fazem mais perigosos ainda.

A Sociedade tem responsabilidade nisto?

Sim, mas não pode ficar de braços abertos esperando que as condições sociais melhorem e não surjam marginais desta estirpe com a freqüência que assistimos hoje.

Alguma coisa precisa ser feita já para defender as pessoas de bem que estão vivendo e morrendo neste momento e que ajude a retirar de circulação estes criminosos que aterrorizam o dia-a-dia da sociedade brasileira.

Ao escrever estas linhas faz apenas dois dias que dois motoristas foram, sumariamente, assassinados na Av. das Américas, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando seus veículos foram abordados por criminosos em sinais de trânsito. Sem nenhum motivo os motoristas foram executados quando entregavam seus carros aos criminosos.

Um elemento como este tem recuperação?

Eu acho que não, como não tem os que mataram o menino João Hélio há dois anos e em breve estarão soltos para matar novamente.

Vamos parar de hipocrisia e de síndrome de politicamente correto, a polícia tem que agir com rigor e se na diligência houver criminosos mortos qual o problema?

A nossa legislação é extremamente condescendente para com os criminosos dando a impressão de que os protege mais do que protege as pessoas de bem.

Direitos humanos nós defendemos para humanos não para animais.

P.S. O que mudou em 4 anos? No Rio de Janeiro, sabemos que a despeito das críticas de caráter político alguma coisa mudou para melhor com as UPPs. Mas em termos de legislação estamos na mesma. Continuamos à mercê de leis frágeis e que privilegiam os criminosos.



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